Equipe Endovascular do Ana Nery realiza procedimento inédito no SUS em paciente renal com fístula ocluída

A equipe Endovascular do Hospital Ana Nery realizou, no final de dezembro de 2021, um procedimento inédito no SUS, que solucionou um problema que um paciente renal vinha tendo com a hemodiálise.

O paciente, que tem 40 anos e é morador da cidade de Brumado, tem insuficiência renal crônica e faz hemodiálise há algum tempo e, para isso, usava uma fístula (canal que possibilita o aumento do fluxo sanguíneo da veia, permitindo às paredes do vaso ficarem mais fortes e resistentes e com fluxo sanguíneo mais rápido para a realização das punções a cada sessão de hemodiálise) no braço direito.

Segundo o Dr. João Pedro Carvalho, que participou do procedimento, o problema era que essa fístula não estava funcionando direito.

“Porque uma das veias, já na entrada do coração, estava entupida, e isso não estava deixando a fístula funcionar corretamente. A gente já tinha tentado desobstruir essa veia por angioplastia, por via convencional, por cateterismo, já por duas vezes, e não tinha conseguido”, falou o médico.

“A alternativa seria ou desligar essa fístula e ele voltar a fazer a hemodiálise pelo cateter, o que não é bom, porque tem uma durabilidade muito menor; ou então fazer um bypass, que é uma ponte, que foi o que a gente acabou fazendo”, acrescentou.

O médico explicou que, para fazer esse procedimento pela via convencional, teria que abrir o peito do paciente, seria uma cirurgia muito grande, com necessidade de acesso bem próximo ao coração. Foi aí que eles decidiram por uma técnica descrita por um grupo médico asiático.

“O que a gente fez foi esse mesmo procedimento de bypass, mas por um procedimento totalmente por via endovascular (o tratamento endovascular é uma área da cirurgia vascular, na qual são utilizados catéteres, guias, balões, stents entre outros equipamentos, de forma minimamente invasiva). A gente fez uma ponte levando o sangue de antes da área ocluída até depois da oclusão”, explicou Dr. João Pedro Carvalho, chamando a atenção para o ineditismo do procedimento.

“Tudo isso, através de uma técnica que foi descrita inicialmente por um grupo de Taiwan. Foram poucos casos que eles realizaram lá, quatro casos, e pelo o que a gente viu, não há nenhuma descrição desse procedimento no SUS. Foi a primeira vez. E isso [este tipo de procedimento] ajuda bastante, porque o tempo de recuperação é muito menor, a mortalidade é muito menor do que se precisasse fazer uma cirurgia de abrir o peito, horas de procedimento e precisar de UTI depois. O paciente foi de alta no dia seguinte para casa, e já com a fistula liberada para fazer a hemodiálise”, afirmou.

O procedimento contou com a liderança do Dr. Rodrigo Mota, além das participações dos médicos Dr. João Pedro Carvalho, Dr. Gustavo Santos, Dr. Alan Fonseca, Dra. Brenda Lima Leite e Dra. Ane Lairam.