Heart Team: Médicos do Ana Nery debatem casos complexos de pacientes

Foi realizada na última terça-feira, 08 de abril, mais uma reunião semanal do Heart Team (Time do Coração) do Hospital Ana Nery.

Formado por equipes de cirurgiões cardíacos, anestesistas, cardiologistas clínicos, hemodinamicistas, enfermagem especializada, engenharia clínica e direção médica, o Heart Team tem como foco discutir os casos mais complexos, nos quais a decisão de intervir de forma percutânea ou cirúrgica não está clara.

Nesta terça (08/04), foram discutidos os casos de duas mulheres (49 e 64 anos) e dois homens (59 e 62 anos).

Nas reuniões do Heart Team, cada apresentação é liderada pelo clínico líder da enfermaria, com a apresentação feita pelo residente. Todos podem opinar e, em caso de não haver consenso, o clínico líder pode conduzir de forma orientada pelos melhores interesses do paciente e sua família.

Para casos mais avançados, há a participação da equipe especializada de cuidados proporcionais e paliação.

Além disso, todas as reuniões são registradas e compõem um acervo para pesquisa e consulta de casos complexos conduzidos pelo hospital.

 

Confira a decisão do caso apresentado na reunião anterior (02/04/24):

Homem, 75 anos. Idoso, funcional, dislipidêmico e sem mais comorbidades associadas. Estenose aórtica crítica sintomática e DAC (doença arterial coronariana) não obstrutiva. Em preparação/avaliação para procedimento cirúrgico, realizado ECOTT (ecocardiograma transtorácico) identificando dupla disfunção valvar aórtica com estenose de grau importante; ventrículo esquerdo com hipertrofia concêntrica de grau importante. PSAP estimada em 39mmHg; aumento importante do átrio esquerdo; ateromatose aorta; dilatação de aorta ascendente; valva mitral com esclerocalcificação de suas cúspides com calcificação importante de anel posterior e restrição a sua abertura. Proposta do médico assistente: tratamento cirúrgico.

Decisão do Heart Team: Declinado pela equipe cirúrgica, devido elevado risco cirúrgico e calcificação mitro-aórtica importante o que implicaria em dificuldade técnica para sutura da prótese. Sendo optado consensualmente por avaliar funcionalidade, acompanhamento ambulatorial para avaliar possibilidade de tratamento percutâneo.

 

Mulher, 64 anos. Diagnóstico prévio de hipertensão arterial sistólica (HAS) e dislipidemia (DLP). Ex-tabagista. Evoluiu com IAMCSST (infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST) anterosseptal. Realizou cateterismo cardíaco que evidenciou lesão triarterial grave. Proposta do médico assistente: cirurgia de revascularização miocárdica, avaliar leito distal de DA.

Decisão do Heart Team: A equipe de cirurgia cardíaca adulta presente, avaliou leito de coronárias como tecnicamente factíveis para tratamento cirúrgico. Coronárias tecnicamente factíveis conforme discussão com cirurgia cardíaca, sendo optado consensualmente, por prosseguir com cirurgia de revascularização miocárdica.

 

Homem, 35 anos. Diagnóstico principal de IM (insuficiência mitral) de etiologia reumática. Proposta do médico assistente: TVMi (troca valvar mitral).

Decisão do Heart Team: Necessário definir melhor etiologia da Hipertrofia ventricular esquerda grave por meio de ressonância magnética cardíaca e/ou ecocardiograma transtorácico com dobutamina em baixa dose para avaliar reserva cardíaca. No momento manter em tratamento clínico sendo acompanhado em ambulatório de IC para otimização de tratamento clínico com nova rediscussão em HT após esses exames realizados.

 

Mulher, 47 anos. Hipertensa e diabética. Passado de ATC (angioplastia coronariana) IAM (infarto agudo do miocárdio). Evolui nos últimos meses com dispneia e desconforto torácico. Realizado cateterismo cardíaco em fevereiro 2024 sendo identificada DAC (doença arterial coronariana) triarterial. Proposta do médico assistente: revascularização miocárdica.

Decisão do Heart Team: Jovem, portadora de DAC triarterial estável, lesão subocluída em descendente anterior e disfunção ventricular esquerda de grau importante. Foi decidido consensualmente, prosseguir com cirurgia de revascularização miocárdica.

 

Mulher, 82 anos. Previamente hipertensa, dislipidêmica, portadora de FA (fibrilação atrial) paroxística, de insuficiência cardíaca de fração de ejeção reduzida (ICFEr) de etiologia isquêmica isquêmica com disfunção ventricular esquerda (FEVE: 30%). Evoluiu com angina instável sendo realizado cateterismo cardíaco para avaliação que mostrou DAC triarterial. Diante da fragilidade da paciente, o risco cirúrgico é elevado. Solicitado por médico assistente, avaliação de tratamento percutâneo de lesão de TCE (tronco de coronária esquerda) e DA (descendente anterior). Proposta do médico assistente: Angioplastia.

Decisão do Heart Team: Impressão de hemodinamicistas que as artérias possuem calcificação importante e dificuldade técnica para realizar angioplastia solicitada. Consensualmente, foi decidido manter a paciente em tratamento clínico.

Homem, 53 anos. Portador de cardiopatia reumática com passado de dupla troca valvar mitral e aórtica por prótese biológica há 15 anos. Evoluindo com disfunção de bioprótese mitral com estenose importante e insuficiência moderada, e disfunção de bioprótese aórtica (insuficiência importante e estenose moderada) e IT (insuficiência tricúspide) importante secundária + hipertensão pulmonar (PSAP 75 mmHg) e anel 44mm. FEVE (fração de ejeção do ventrículo esquerdo) preservada, FAC 27. Proposta do médico assistente: Tratamento cirúrgico.

Discussão: Diante da gravidade, optado no momento por não prosseguir com cirurgia, com objetivo de intensificar terapia de IC (insuficiência cardíaca), avaliação beira leito da cirurgia cardíaca, suporte nutricional e discutir novamente em Heart Team.